Patrono da Escola


            O Professor Francisco Manuel Santana Barreto foi uma grande figura histórica e um pioneiro no Ensino Recorrente para Adultos na Região Autónoma da Madeira. Notável pensador, definiu-se a si mesmo como pedagogo e a sua ação refletiu-se na andragogia. A verdade é que em toda a sua ação passa a intenção de educar o Homem para a Liberdade, o Bem e a Virtude.

Oriundo de uma pequena família madeirense, nasceu a 30 de setembro de 1925, no sítio do Pico, Fajã da Ovelha, filho de Humberto Benjamim Brazão Barreto e de Ilda Margarida Santana Barreto e faleceu a 30 de setembro de 2003, estando sepultado no cemitério da Freguesia da Fajã da Ovelha.  

A sua mãe, Ilda Margarida Santana Barreto, era filha única e exerceu o cargo de Professora Regente, professora sem formação pedagógica, numa escola próxima à Capela de São Lourenço, na Fajã da Ovelha, e ainda lá estão as suas ruínas.

O Professor Francisco Manuel Santana Barreto era casado com Maria Dores Fernandes Barreto e tiveram quatro filhos: Ana Maria Fernandes Barreto, Maria Helena Fernandes Barreto, Humberto Jaime Fernandes Barreto e Maria da Conceição Fernandes Barreto. Teve quatro netos e três bisnetos.

O Professor Francisco Manuel Santana Barreto era filho único, viveu parte da sua infância na Fajã da Ovelha, onde tinha uma residência, localizada na Rua Professor Francisco Barreto. Aí, fez a sua instrução primária, iniciando-a numa escola «caiada de vermelho», e posteriormente numa escola próximo à Igreja de São João, Fajã da Ovelha, local onde curiosamente iniciou a sua atividade profissional como professor.

Com cerca de onze anos,  foi para o Funchal, onde frequentou um colégio, como aluno interno, junto à Igreja do Carmo. Foi do primeiro grupo de alunos a frequentar o Liceu Jaime Moniz. Concluiu o Curso Geral em 21 de Julho de 1943 e inscreveu-se no primeiro Curso de Magistério Primário, na Madeira, que concluiu a 30 de Julho de 1945. Nesta época, fez parte da Mocidade Portuguesa.

            No dia 8 de Outubro de 1945, começou a lecionar na escola da Fajã da Ovelha e aqui permaneceu três anos. Estreou-se no Ensino Recorrente através da Missão Cultural e foi o primeiro professor do Magistério Primário na Madeira. A sua carreira no ensino terminou a 30 de junho de 1992.

Entre 1965 e 1973, foi Encarregado da Missão Cultural, altura em que deixou de exercer funções nas escolas e começou a projetar filmes que vinham de Lisboa, nas Freguesias da Madeira e do Porto Santo. Com a ajuda do seu motorista, projetava os filmes em lugares na Ilha da Madeira, nunca visitados por professores da Missão Cultural. Nessas viagens, tirava anotações dos passeios a pé à volta das Ilhas, registava e era sua intenção publicar essas vivências, que recordava das magníficas paisagens da Ilha da Madeira. Citando uma das suas frases célebres, relacionada com estas memórias ligadas à Missão Cultural, referia: «Saudade é o que se sente quando já estamos ausentes, mas o que nos resta é que podemos ter a saudade presente na nossa mente!».

            Francisco Manuel Santana Barreto, enquanto professor nos Cursos de Adultos, era responsável pelos exames da 4ª Classe de Adultos, com os mesmos programas que eram adotados para os alunos do Ensino Diurno, não se constatando diferença entre os currículos. De facto, o Professor Francisco Manuel Santana Barreto não era apologista destas metodologias, defendendo uma «pedagogia» para as Crianças e «andragogia» para os Adultos.

Por volta de 1979, foi-lhe proposto a Coordenação dos Cursos de Educação de Adultos. Manteve a denominação de Encarregado da Missão Cultural e, sem ser nomeado oficialmente, passou a ser o responsável dos mesmos Cursos de Educação de Adultos em toda a Região da Madeira. Referia que no exercício das suas funções docentes: «Tinha a função de Coordenador e em simultâneo a função de uma espécie de Inspector desses Cursos de Educação de Adultos». Foi Professor durante 47 anos na Ilha da Madeira, tendo também lecionando no Quartel Militar, sendo a 4 ª Classe de Adultos da sua responsabilidade nesta instituição.

Foi uma pessoa que sempre mostrou interesse em diversificar as suas atividades e interesses pessoais. Se não, vejamos: i) foi Membro do Orfeão Madeirense; ii) participou em vários Cursos de Montanhismo e Caminhadas a Pé pela Natureza, sobretudo pelas Levadas da Madeira; iii) participou em vários Campeonatos de Tiro, tendo a Licença de Desportista; iv) foi futebolista, sobretudo na fase do seu início de carreira docente; v) tocou bandolim no grupo de cordas da Fajã da Ovelha.

O Professor Francisco Manuel Santana Barreto deixou-nos o seu testemunho[i], não só do seu percurso profissional, como a sua dimensão humana. Esta última esteve sempre presente na prática educativa, mais concretamente na relação do professor com alunos e a notória preocupação científica e didática com a Educação/Formação de Adultos na Região Autónoma da Madeira.

 

 

Professor Francisco Manuel Santana Barreto,

 

Professor, caçador, caminheiro, amante incondicional da natureza, amigo da sua terra, amigo dos seus amigos!


 

[i] Cf. notícia do Jornal, 30 de junho de 1992, data em que publicamente se despediu das suas funções docentes com os alunos do Ensino Primário, apesar de continuar a exercer funções no Ensino Recorrente até a data da sua aposentação. Lamentavelmente morreu em 30 de setembro de 2003, pelas 15 horas (data em que comemoraria o seu aniversário) e está sepultado na Freguesia da Fajã da Ovelha.

 

 

EB123/PEPFMSBARRETO